‘Tá nervoso? Vai pescar!’, o refrão da dupla sertaneja Ataíde e Alexandre reflete bem a terapia que o esporte representa para os aficionados. Neste sábado (27) acontece o ‘Segundo Torneio APEBM’, promovido pela Associação de Pescadores Esportivos de Brumado e Microrregião e associados, com apoio institucional da ABAPE (Associação Baiana de Pesca Esportiva), exclusivo para a pesca de Tucunaré.
A competição será na Barragem de Anagé/Caraíba, a Prainha. será o ponto de largada e chegada. A prova será realizada exclusivamente na modalidade iscas artificiais através de arremessos, não será permitido pesca com iscas naturais, de corrico ou arrasto.
A competição consiste em pesca embarcada utilizando barcos com motor sem limite de potência, caiaques ou canoas com propulsão humana. Serão válidas apenas as três espécies de peixe Tucunarés (Chichlas) existente na barragem. Não haverá limite de captura.
Cada equipe poderá pescar quantos peixes desejar, mas apresentará para a comissão julgadora apenas três vídeos para avaliação, cada um, mostrando a medição de forma correta e soltura de três peixes diferentes.
No sábado, às 5 horas, no local de largada, ocorrerá a reunião para a entrega das planilhas de medição sem as filmagens dos peixes para a explanação do regulamento junto aos competidores, monitores e a equipe de arbitragem, o não comparecimento do capitão da equipe implicará na aceitação das decisões tomadas pela comissão organizadora.
Os três primeiros lugares das duas categorias serão contemplados com troféus.
Além da premiação, haverá sorteios de vários brindes relacionados ao esporte entre os participantes inscritos, inclusive um Barco de Pesca Calaça, um Caiaque Pro Fish da Lontras, uma viagem ao Tocantins com pescaria no Lago do Peixe, além de torneio de arremesso.
Para que o sorteado receba o prêmio, será necessário que ele esteja na confraternização no momento do sorteio.
o ‘Segundo Torneio APEBM’ contará com mais de 120 participantes nas modalidades Caiaque e Barco de pesca de vários lugares do Brasil.
REGRAS DO TORNEIO
art 1º: Da organização:
O segundo torneio APEBM é uma realização da Associação e seus associados com apoio institucional da ABAPE (Associação Bahiana de Pesca Esportiva), somente para a pesca de Tucunaré.
Art2º: Dos objetivos:
2.1 – Preservação do Tucunaré Pinima(Chichla Pinima), Amarelo(Kelbery), Azul(Chichla Piquiti) e todas as espécies existentes na Bahia;
2.2 – Divulgar o potencial do turismo da pesca esportiva no lago da barragem de Anagé e inserir o município de Anagé na Bahia ao cenário nacional da pesca esportiva;
2.3 – Desenvolver a consciência ecológica dos pescadores do município e dos turistas através da divulgação e práticas que normatizam a pesca esportiva visando, principalmente, ao combate de materiais e atitudes poluentes e predatórias;
2.4 – Despertar as autoridades Federais, Estaduais e Municipais para a normatização e criação de leis específicas para o seguimento da pesca esportiva;
2.5 – Promover o lazer e a confraternização entre os amantes da pesca esportiva;
2.6 – Promover as atividades náuticas, entre elas a de caiaque/barco com observação as leis de marinha e atitudes de conservação ambiental.
Barragem do Rio Gavião
A Represa localizada na caatinga do sudoeste baiano, entre as cidades de Anagé e Caraíbas, foi construída a partir de 1987 com a finalidade de perenizar o Rio Gavião. Na época esse era o maior rio seco do Estado da Bahia.
A maior obra do governo federal em todo o Nordeste do Brasil naquele período, a barragem do Rio Gavião formou um lago de 37 km e acumula um volume de água de 367 milhões de metros cúbicos, possibilitando assim, a irrigação de mais de 10 mil hectares, o abastecimento de água da cidade de Anagé, e tinha também o objetivo da implantação de um grande projeto de piscicultura, com produção de 700 toneladas de pescado por ano, beneficiando mais de 20 mil pessoas, coisa que até hoje não saiu do papel, exceção de alguns poucos tanques-rede de uma cooperativa de pescadores ribeirinhos e outros poucos particulares, com 98% destinado a criação de tilápias.
Mas pela sua localização, e uma excelente captação de águas de chuvas, a “Barragem de Anagé”, como é conhecida, tornou-se um grande lugar de lazer. Sítios e casas de veraneio foram e continuam sendo erguidos em suas margens. Pousadas, restaurante e bares, embora ainda tímidos, fazem hoje um ponto de recreação para toda a região.
Sabe-se que nunca existiu sequer um projeto de povoamento íctico para aquelas águas. No início, junto com as fortes chuvas que perenizavam o rio temporário e estouravam aguadas particulares no sertão baiano, surgiram peixes como piabas, traíras, tilápias, berés, piaus, apaiaris e até camarões pequenos em suas águas, já despertando um interesse pela pesca na região. Embora neste período, passava-se longe a ideia do pesque e solte, muitos pescadores se deslocam aos finais de semana para pescar de todas as formas e todos os jeitos, sem a mínima preocupação com fiscalizações ou algo assim.
No início de 1998, surgiu o tucunaré amarelo em suas águas, sabe-se lá de onde vieram ou por quem vieram. O certo é que no início, houve uma explosão da espécie, já que não havia predadores para ele. Sumiram as piabas, as traíras, os piaus… De vez em quando fisgavam um ou outro apaiari. Mas apesar do abandono, as novas temporadas de chuvas e o tempo fizeram com que aos poucos a barragem voltasse ao seu equilíbrio de espécies em sua fauna íctica promovida pela própria natureza, da maneira que lhe foi possível, já que por ser um rio seco, nunca se soube exatamente quais os peixes faziam parte da sua bacia (embora tucunarés e apaiaris sejam da bacia amazônica-tocantins e a tilápia de bacias do continente africano).
Neste período, começaram a surgir os primeiros pescadores esportivos na região. Empolgados principalmente pela esportividade do tucunaré e informações que chegavam pela mídia através de programas de pesca, começa a crescer este novo conceito de pesca na região, muitos deixam de matar peixes e surge efetivamente a prática do pesque e solte.
E nesse conjunto de mistérios, a partir de 2010 aparecem as pirambebas, menor subespécie de piranha, mas que também se multiplicou rápido e acredita-se ter ajudado também no equilíbrio do ambiente, agora em 2019 já são pescados constantemente traíras, piaus, tilápias, apaiaris, piabas e até alguns pacus. E recentemente, tucunarés azuis e tucunarés pinimas começaram a ser fisgados também, compondo então, as três espécies de tucunarés na barragem do rio Gavião.
Apesar da barragem ainda estar abandonada pelos órgãos públicos, com todos os casos de crimes ambientais, com raras fiscalizações, e consequentemente, sem punição, vislumbra-se um dos lugares mais importantes para a prática da pesca esportiva na Bahia.
O movimento de pescador esportivo torna-se cada vez mais forte na região. Um bom exemplo são torneios de pescas esportivas que começaram a surgir em 2009 como uma confraternização entre amigos da região sudoeste amantes da pesca esportiva.